
Quem é: Nasceu numa pequena cidade do interior, no semi-árido do Rio Grande do Norte, em novembro de 47. Seu pai servia o Exército durante a Segunda Guerra Mundial, patrulhando a costa brasileira e voltou para Parelhas logo que o conflito casando com sua mãe, então com dezesseis, em janeiro de 47. Seus avós, de ambos os lados, eram agricultores, plantadores de algodão mocó que era a base da economia da região do Seridó. Estudou o primário em sua terra e aos dez anos partiu para estudar interno em Natal, pois não havia ensino médio em sua cidade. Estudou sete anos em internatos católicos e colégio agrícola.
O que faz: Cursou Engenharia Civil na Universidade de Brasília, onde chegou em 13 de dezembro de 1968, dia do fatídico AI-5. Viveu cerca de nove anos trabalhando e estudando fora do Brasil. Sempre trabalhou como engenheiro de aproveitamento de recursos hídricos. Hoje, Rômulo Macedo é considerado um dos melhores engenheiros do país nesta área, muito influente no projeto de Transposição do Rio São Francisco. Tem 3 filhos, é bem casado e um grande apreciador da literatura, pintura e cinema.
Florence - Qual a importância de 1968 para o Brasil?
O que faz: Cursou Engenharia Civil na Universidade de Brasília, onde chegou em 13 de dezembro de 1968, dia do fatídico AI-5. Viveu cerca de nove anos trabalhando e estudando fora do Brasil. Sempre trabalhou como engenheiro de aproveitamento de recursos hídricos. Hoje, Rômulo Macedo é considerado um dos melhores engenheiros do país nesta área, muito influente no projeto de Transposição do Rio São Francisco. Tem 3 filhos, é bem casado e um grande apreciador da literatura, pintura e cinema.
Florence - Qual a importância de 1968 para o Brasil?
Rômulo Macedo - 1968 foi o ápice de todo um processo de mudanças radicais nos valores, costumes, na política e nas relações sociais que ocorreu em várias partes do mundo no transcorrer da década de 60. No Brasil, o essa onda foi especialmente importante, pois enfrentávamos uma ditadura militar. Foi um período rico em conflitos armados, inconformismo, endurecimento político, contestação, conscientização, criatividade artística, enfim, um verdadeiro embate de forças conservadoras e revolucionárias, uma colisão fantástica de idéias, um big-bang cultural que criou esse universo em que vivemos hoje.
Florence - O AI-5 veio em função da luta do movimento estudantil e da resistência armada que começava, ou viria independente disso?
Rômulo Macedo - Não. O AI 5 veio principalmente como uma ação de inibição e confrontação à luta armada, onde o estado assumiu uma postura terrorista de combate a toda e qualquer ação oposicionista.
Florence - Qual o grande desafio do movimento estudantil após o golpe militar?
Florence - O AI-5 veio em função da luta do movimento estudantil e da resistência armada que começava, ou viria independente disso?
Rômulo Macedo - Não. O AI 5 veio principalmente como uma ação de inibição e confrontação à luta armada, onde o estado assumiu uma postura terrorista de combate a toda e qualquer ação oposicionista.
Florence - Qual o grande desafio do movimento estudantil após o golpe militar?
Rômulo Macedo - Em minha opinião, o movimento estudantil não soube lidar com os resultados de 1968. Sempre me pareceu que foi tomado por um sentimento de derrota e daí para uma atitude passiva, até certo ponto indiferente a tudo o que ocorreu no Brasil e no mundo em seguida.
Florence - O que as mudanças causadas em 68 influenciam na sua vida hoje?
Rômulo Macedo - Como muitos outros jovens daquela época, me inconformavam as diferenças sociais, a pobreza, o lucro dos empresários, a ausência de liberdade política, etc. Aquela coisa de achar que todo empresário é sacana, todo esquerdista é bom caráter, todo milico é burro e que seu pai é careta e não sabe de nada. 1968 foi importante para minha vida na medida em que conservo até hoje os mesmos sonhos de que uma sociedade mais justa e humana é possível ao mesmo tempo em que aprendi que aquele socialismo que se instalou em várias partes do mundo e que eu queria para o Brasil, é também a exploração do homem pelo homem. Mantenho ainda o sonho utópico da sociedade perfeita como referencial, como modelo, mas hoje eu sei que a via não era aquela que eu queria. Isto, inclusive, ficou mais que demonstrado. Hoje, sou bem mais pragmático, bem mais flexível. Hoje eu sei que meu pai estava 80% certo e eu é que era o bobo da história. Hoje, eu sei que o Bob Fiels (Roberto Campos) não era aquele fdp que achávamos. Aprendi muito.
Florence - O movimento estudantil no Brasil sofre influência do movimento estudantil europeu?
Florence - O movimento estudantil no Brasil sofre influência do movimento estudantil europeu?
Rômulo Macedo - Acho que o movimento estudantil europeu estimulou e inspirou outros movimentos no mundo, especialmente na América Latina. Mas as mudanças ocorridas nos Estados Unidos, tanto no campo dos direitos civis como das artes e dos costumes, foram também impulsionadoras dos movimentos ocorridos no Brasil, no México, no Chile, e outros países da região.
Florence - O que o senhor acha do movimento estudantil que esta sendo praticado no Brasil hoje?
Rômulo Macedo - Não vejo, não sinto, nem mesmo sei se há. Seguramente não existe movimento estudantil hoje no Brasil. Não, pelo menos, daquela forma, daquele jeito, com aquele nível de participação da década de 60. Não falo da agitação, falo da participação efetiva, das propostas, do nível de exigência e reivindicação.
Florence - O que o senhor acha do movimento estudantil que esta sendo praticado no Brasil hoje?
Rômulo Macedo - Não vejo, não sinto, nem mesmo sei se há. Seguramente não existe movimento estudantil hoje no Brasil. Não, pelo menos, daquela forma, daquele jeito, com aquele nível de participação da década de 60. Não falo da agitação, falo da participação efetiva, das propostas, do nível de exigência e reivindicação.
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