sexta-feira, 6 de junho de 2008

"Kiaora" - uma experiência no Pacífico

“Kiaora”. Foi assim que fui recebida logo que cheguei ao aeroporto internacional de Auckland na Nova Zelândia. Depois de uma longa viagem de 16 horas numa aeronave da Lan Chile chegamos ao nosso destino, o lugar que se tornaria nossos lares por algum tempo, longe dos amigos, da família e de nosso “porto seguro”. O cumprimento Maori equivalente ao nosso “oi” me causou um clima de familiaridade. O país é dividido em duas pequenas ilhas: Lar dos esportes radicais, dos maoris, da tatuagem, das praias paradisíacas. “Welcome, você chegou à Nova Zelândia!”.

Cheguei à Nova Zelândia com o propósito de aperfeiçoar meu inglês. Aliás, experiência super recomendável. Meu primeiro aprendizado foi sobre a cultura Maori. Um povo que vivera na Nova Zelândia, de origem Polinésia, antes da colonização inglesa. Hoje em dia esses índios buscam resgatar sua cultura e são muito respeitados pelos brancos. Ao chegar ao país, passamos dois dias em Auckland. Eu e mais cerca de 40 jovens da minha idade, que iriam com o mesmo objetivo que o meu. Todos com o mesmo medo, as mesmas expectativas e basicamente a mesma euforia. Andando na Queen Street cheguei a me indagar por um momento se eu não estaria em algum país asiático. Impressionante como a cultura do povo de olhos puxados penetrou naquele país.

No dia 16 de julho, com um fuso horário 15 horas adiantadas em relação ao Brasil, chegou a hora de nos separar, cada um pro seu novo lar, pra sua “host family”. Eu e mais uns cinco colegas embarcamos pra Christchurch, maior cidade da ilha sul. Ao chegar e descer a escada rolante vi a frente uma simpática família, de pai e mãe e três crianças pequenas, cada um segurando uma faixa, que juntando todas dizia “Florence, Welcome to New Zealand”. E foi assim.

Christchurch e uma cidade típica inglesa. Movimentada e ao mesmo tempo calma, agitada e ao mesmo tempo serene. Há uma catedral lindíssima bem no centro da cidade, onde também se encontra aos sábados feirinhas de artesanato interessante que refletem a cultura maori.

Freqüentei a Papanui High School, onde fiz grandes amizades, entre eles com brasileiros. A escola era típica neozelandesa, uso de uniformes, as matérias podiam ser escolhidas pelo aluno e os professores, de fato, nos tratavam com diferença, às vezes melhor, às vezes pior. Devo admitir que era um povo por muitas vezes hipócrita, mas sem maldade.

A facilidade de viajar pelo país nos levou a conhecê-lo melhor. Queenstown foi sem duvida a melhor de todas as viagens. Cidade mundial dos esportes radicais. Esbaldamos-nos nas aventuras e nas paisagens naturais. Podem-se fazer manobras molhadas nos jetboats, pular de pára-quedas de um avião há muitos metros de altura, ou experimentar a sensação única do bungee-jumping. Não poderia sair daquele lugar sem atestar a minha coragem. Todos nós, um grupo de amigos de sete pessoas, topamos o desafio e pagamos pelos três bungee-jumping que haviam naquela cidadezinha. A experiência? Indescritível. Medo, angústia, liberdade, pavor, felicidade e sensação de guerreira. Foi assim que me senti. Adrenalina pura. Você abre os braços, flexiona os joelhos, e salta para o meio do nada.

Voltei da Nova Zelândia, depois de seis meses. Um colar maori no pescoço, um cartaz com fotos feito pelos amigos, uma tatuagem no pé e dezenas de fotos que ajudarão a não esquecer jamais a melhor época da minha vida. A caminho do aeroporto passando pelas ruas que fizeram parte da minha vida, olhei-as com muita atenção, pra ter a certeza que jamais esqueceria, com o sentimento de dor e nostalgia. Deixei no aeroporto, minha amável família e meus grandes amigos, com lagrimas nos olhos. Kiaora.

Um comentário:

Caroline Rosito disse...

Florence, obrigada pela visita. Seja sempre bem vinda!
Seus textos também estão ótimos, adorei ler sua viagem para Nova Zelandia! até logo!